17/05/11

Conto Colectivo VIII

-António, ainda bem que atendeste, cada dia te amo mais, estou com umas saudades tremendas.
-Eu também, bebé, temos de ter calma, um dia estaremos juntos.
-António, achas que o Miguel permitiria isso?
-Querida, eu tenho informações que podem comprometer muito o Miguel, não sei se estás preparada para ouvir o que descobri.
-Ai meu Deus, que foi António, deixas-me sem ar, diz, diz, preciso de saber, estou pronta.
-Querida, contactei um detective privado para seguir o Miguel e descobri coisas interessantes, muito interessantes.
-António, isso é perigoso.
-Maria, sabias que todos os videntes que consultaste foram pagos pelo Miguel? Ele controlava a tua vida através deles.
-Não é possível, NÃO.
-Sim, ele manipulava-os de forma a influenciar-te. Sabes a cigana, aquela da feira de Guadalupe, ela nem cigana era, ela é uma actriz que costuma beber forte e feio no Bairro alto e o vidente.
-António, o meu mundo ruiu.
-Sabes querida, podemos acabar com isto, eu tenho uns amigos e...
-António! O que é que estás a sugerir!?



Marcos Sousa Guedes
37966
Rodrigo Torres Pereira

12 comentários:

  1. A ideia principal está engraçada. No entanto, noto uma certa incoerência em relação à personagem principal, a Maria. Ao longo do conto, a imagem que tenho da personagem é de uma mulher com maturidade, talvez também um pouco insegura. Mas aqui ela pareceu-me ter uma personalidade mais "histérica", por assim dizer.

    Outra coisa, na frase: "-Ai meu Deus, que foi António, deixas-me sem ar, diz, diz, preciso de saber, estou pronta.", penso que existem demasiadas vírgulas. Talvez utilizar outra pontuação, de forma a dar mais ênfase. Por exemplo: "Ai meu Deus! Que foi António? Deixas-me sem ar! Diz, diz, preciso de saber. Estou pronta."

    Depois na penúltima frase: "-Sabes querida, podemos acabar com isto, eu tenho uns amigos e..." Esta expressão talvez possa ser reestruturada, tal como: "Sabes, querida, podemos acabar com isto! Eu tenho uns amigos e..."

    Ana Catarina Nº41087

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  2. Olá Grupo VIII,
    concordo com a Ana Catarina no que diz respeito à incoerência da personagem feminina (chama-se Maria?). Pareceu-me entender que ela estava cheia de dúvidas sobre as escolhas que havia feito na vida. Durante as várias partes do conto, essas dúvidas persistem. Aqui, ela é apresentada, logo na 1ª frase do conto (-António, ainda bem que atendeste, cada dia te amo mais, estou com umas saudades tremendas.) como uma personagem bastante hipócrita. De facto, não a vejo dessa forma. Quanto ao resto acho muito original.
    Joana Leotte

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  3. A vossa versão do conto está bastante interessante e adiciona algumas novidades que, para mim, tornam engraçada a história.Como não sei muito do primo António como personagem suponho que podia realmente fazer aquelas sugestões, mas como acho a Maria pensativa e sem tanta iniciativa, achei-a demasiado passiva no diálogo.


    Na frase "Não é possível, NÃO" sugiro uma alteração,para "Não é possível. Não!" e acentuar a intenção com que é dita.

    Bruno Jacinto nº39099

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  4. Olá! Sobre a dúvida da Joana, gostaria de mencionar que o nome da personagem não é Maria, ela inventou esse nome para o vidente da TV.

    Denilson, 45156

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  5. Texto após texto foi-se mantendo uma coerência que acaba por não se revelar no conjunto. Era difícil não ter sido assim, cada grupo imaginou a sua história, embora respeitando o que estava no excerto anterior. Assim, houve uma flutuação correspondente aos diversos percursos que cada um imprimia. A diversidade é enriquecedora, mas necessita de um esqueleto, no mínimo de uma corda dorsal, e isso faltou. A tarefa do próximo grupo não é fácil se quiser criar o elo unificador, a história delineada que não se revelou.
    Concordo com a escritora Hélia Correia, por isso não deixo conselhos, apenas opiniões (sempre discutíveis, como todas o são), tanto mais que a minha experiência me ensinou que aos conselhos cada um vai buscar apenas o que pretende e (des)entende.
    Penso que resultaria como romance que explorasse os amores e paixões, solidão “acompanhada”, ambientes fortes, quentes, sensuais, lembrando vagamente Hemingway.

    Isabel nº 41435

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  6. Uma forma rápida, concisa e indolor para desmascarar o verdadeiro propósito da história. Porém, não querendo repetir muito aquilo que os colegas já aqui disseram, não me parece que alguma da linguagem utilizada se revele ajustada ao contexto e à personagem que edificámos em aula. A expressão carinhosa "bebé", sendo demasiado actual, não me parece que figurasse no tratamento entre marido e mulher nos anos 70, tão comummente como nos dias que correm.
    No decurso dos comentários já feitos, faço questão de sublinhar a ideia que se tem vindo a vincar cada vez mais. Por muito que a ideia seja original, nota-se, à vista desarmada, um grande corte e diferença na forma como trataram a vossa parte do conto em relação às restantes partes. Creio que passámos de um tratamento literário mais cuidado para algo que, não desfazendo a sua graça, parece muito "desalinhado" de acordo, sobretudo, com a "Maria". De facto, esta "Maria" sempre se revelou uma pessoa sofisticada, segura de si, inteligente, audaz e corajosa. Tudo bem que todos têm direito aos seus momentos de fraqueza, mas vocês acabaram por dar-nos uma versão de uma mulher extremamente frágil que acabou por deitar por terra toda a meta a que se propôs inicialmente.
    Continuação de bom trabalho, colegas!
    41149

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  7. O vosso conto modificou bastante a forma inicial do mesmo. Nos primeiros contos parecia ser uma mulher decidida e apaixonada por Miguel, aqui já se torna muito mundana e demasiado sentimentalista, coisa que não o era. Está engraçado. Porém, poderiam ter dado um outro nome à personagem, é muito banal, e não terem criado uma situação tão novalistica. Por outro lado, surpreendeu-me o facto de querer "eliminar" Miguel da sua vida e este ter feito tudo para que ela estivesse a seu lado. Foi uma reviravolta interessante, mas que poderiam ter aprofundado melhor e não tornarem as personagnes tão banais e ao estilo filmico americano

    aluna 39015

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  8. Não querendo desvalorizar o vosso trabalho, quando li esta parte do conto, tive a necessidade de ler e reler esta parte e a anterior para poder encontrar pontos inter-relacionais, pois lia e não conseguia relacionar as personagens do conto a este diálogo. Entendo o momento em que o conto anterior termina com um telefonema a António e a vossa opção de criar esse diálogo. Contudo, logo na frase inicial “Maria” diz: “-António, ainda bem que atendeste, cada dia te amo mais, estou com umas saudades tremendas”.“Maria” que supostamente era uma personagem com dúvidas sentimentais, conclui de imediato que pretende voltar a estar com António, e regressar à sua vida de fastio. Porém, António responde: “-Eu também, bebé, temos de ter calma, um dia estaremos juntos.”. Partindo do ponto em que é “Maria” que decide ir a Guatemala, por que motivo António fala como se existisse algum obstáculo no regresso de “Maria”? Outro elemento que surge de forma inesperada prende-se com o facto de as dúvidas amorosas que eram até ao momento de “Maria” serem transferidas para António para que este premeditadamente tivesse necessidade de contratar um detective. António foi caracterizado como: “homem de bem, dedicado aos negócios, aos amigos e ao mundo.” (1º parte), o que revela, a meu ver, que António era um homem ponderado, o que não caracteriza toda esta súbita alteração de postura. Não querendo repetir o que os colegas já comentaram, considero que a frase: “-Sabes a cigana, aquela da feira de Guadalupe, ela nem cigana era, ela é uma actriz que costuma beber forte e feio no Bairro alto e o vidente.” encontra-se inacabada. O vidente também costuma estar no bairro alto, ou é apenas outro vidente contratado?

    nª39034

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  9. Boas! Na minha opinião creio que neste telefonema a personagem principal apresenta uma certa incoerência no que diz respeito à sua maneira de ser. Esta personagem ao longo do conto dá ideia de ser uma pessoa muito racional que pensa bastante nas suas acções. Já nesta parte do conto, a personagem revela um pouco de loucura .
    Na frase “-Eu também, bebé, temos de ter calma, um dia estaremos juntos” parece-me haver excesso de virgulas. Creio que ficava melhor “-Eu também, bebé. Temos de ter calma. Um dia ficaremos juntos”.
    Ao longo do conto sempre me pareceu que o António não sabia da existência do Miguel. Agora nesta parte aparece a falar dele como se soubesse quem ele era. Isto alterou a percepção que eu tinha das personagens.

    nº 41199

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  10. Também não quero estar a repetir os colegas mas concordo totalmente com o nª39034. Para além de tudo o que já foi dito sobre o António "era um homem ponderado, o que não caracteriza toda esta súbita alteração de postura" o que mais me espanta é o facto dele saber que a mulher tinha o amante e de falar com ela sobre ele de forma tão aberta. E já agora porque precisava ele de arranjar um detective privado? Se já sabia que a mulher o enganava, porquê continuar a perseguir o amante?
    Por outro lado, "Maria" que andou sempre tão apaixonada por Miguel embora não pudesse estar com ele por ser casada, de repente torna-se uma mulher com duas faces! Diz que ama Miguel mas fala mal dele com o marido.

    37958

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Fazendo das palavras acima minhas, concordo com o facto de haver uma discordância na postura da protagonista, que já se tem notado noutras partes do conto... Mas creio que inicialmente foi caracterizada com uma mulher mais forte e que não se deixa levar por conversas tão absurdas como uma teoria da conspiração deste género.
    EM nenhuma parte falou-se sobre o facto do primo ter conhecimento da existência de Miguel e agora não só sabe da existência dele como também sabe que ele é um homem maléfico e rebuscado que durante estes anos todos, na sua ausência, manteve sempre um contacto secreto com a protagonista através de videntes impostoras que não passavam de actrizes. Isto até ao ponto de actrizes que bebem copos no Bairro Alto se deslocarem até feiras em Guadalupe para lerem a sina a uma pessoa que por lá passasse. Parece demasiado perverso e surrealista. Em que dimensão é que entrámos agora?
    Creio que o leitor tem de se identificar com o enredo e com as personagens e, neste momento, isso parece longe de acontecer.

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