- Como assim, não lhe parece?
- Deve ter tentado enganar o destino, de certeza! – disse, olhando em volta como se a minha presença fosse aquilo que naquela tasca havia de menos agradável. Dei por mim a erguer o tom de voz e, finalmente, disse tudo aquilo que nunca ousara confessar a ninguém.
– Não ia ficar sentada, à espera de uma desgraça. Casei-me com o meu primo, quando ele me propôs…Não o rejeitei. Fiz o que estava certo, mas mesmo assim não sou feliz.
A minha evidente frustração mereceu, por fim, uma frase mais longa do que naquela altura pensara que ela seria capaz de produzir.
- Esperava o quê? Que depois do casamento os pássaros iam cantar p’ra si de manhã e que ia haver festas todas as noites? – agitou os braços no ar - Não tomou nenhuma decisão importante. Quis contrariar-me…ser rebelde. Caiu mesmo n’asneira que tentou evitar! Ah, mas não vou dizer mais nada…
Surpresa, vi-a dar um passo adiante. Quando me encontrava certa de que ela iria deixar-me sozinha naquele lugar, ouvi novamente a sua voz. Segui, de imediato, o som com o olhar.
-É engraçado, é. Fogem, fogem…- disse, desenhando um floreado no ar com um dedo - Tentam ir contra o que ‘ta escrito. – deixou a palma de uma mão cair sobre a outra, num sonoro clap. – Mas não há volta a dar.
Com isto, saiu pela estreita porta, mais rápido do que seria de esperar de uma mulher da sua idade. Fiquei de olhar fixo no vazio que há pouco tinha sido a vidente. Sabendo que ela não voltaria continuei, ainda assim, esperançosa por algo mais do que aquela misteriosa explicação. Na minha cabeça ressoavam, sem parar, aquelas últimas palavras: “…não há volta a dar…”
Sozinha na minha mesa, uma frase saiu por entre os meus lábios, sem qualquer permissão, numa voz que quase não reconheci.
- Sim, há.
Grupo 5 - Sara Fernandes + Filipe Gomes + Rita Bárbara
Atenção à notação do discurso directo.
ResponderEliminarDeve ter tentado engana-lo, de certeza! – Disse, = Deve ter tentado engana-lo, de certeza! – disse,
Isto aplica-se a todo o diálogo no excerto por vós composto.
Simplificar + Pretérito Mais-que-Perfeito + Já comentámos em aula que o tom da narradora é elevado (vs. expressão "deitar cá para fora")
Dei por mim a erguer o tom de voz e, irritada, disse tudo aquilo que nunca ousei deitar cá para fora. = Dei por mim a erguer a voz, irritada, e disse tudo aquilo que nunca ousara confessar.
Por exemplo...
Efectuem estas correcções, por favor, para que o grupo seguinte possa continuar o trabalho.
Grata.
Sugiro que revejam as falas da velha cigana para lhe darem mais credibilidade. Parece-me pouco adequado à personagem.
Atenção à gramática (ainda que esta seja uma pessoa do povo).
Que depois do casamento os pássaros iam cantar p’ra si de manhã, que haveriam festas todas as noites e a comida saberia a patê de foie gras? = Que depois do casamento os pássaros iam cantar p’ra si de manhã, que HAVERIA festas todas as noites e a comida saberia a patê de foie gras?
Neste excerto em particular, julgo que seria preferível optar pelo composto "ia haver" do que pelo condicional "haveria", aplicando-se este raciocínio aos restantes verbos.