28/02/11

Moacyr

Morreu o escritor brasileiro Moacyr Scliar, autor de um dos conto que já lemos: Zap.
Gostaria de destacar um excerto da notícia do seu desparecimento, no Público:

"Descobriu então que a banana se descascava, tal como a laranja. Imaginou que seria igual e que teria também casca e caroços. “Ao descascar a banana apareceu uma coisa que ele pensou que era o caroço da banana. E jogou fora o caroço. Comeu a casca de banana até ao fim para surpresa do gaúcho”, continuou o escritor a quem até morrer, já depois dos 80 anos, o pai disse sempre: “Casca de banana não é tão ruim como a gente pensa”. Para Moacyr Scliar, o escritor é “o emigrante que vê a banana e que come a casca” e a tarefa da literatura é “transformar o desconhecido em magia”.

Podem ler o resto aqui: http://www.publico.pt/Cultura/morreu-o-escritor-brasileiro-moacyr-scliar_1482348

Um bem haja,
aluno nº37965

22/02/11

Conto Colectivo-Parte II (revisto)

Mergulho numa constante incerteza. Como seria a minha vida se nunca me tivesse junto a António? Teria casado com Miguel? Provavelmente não. Miguel respirava liberdade, amava em liberdade.

Mas se nunca me tivesse casado? Será que teria voado para mais perto dos meus sonhos? Sempre quis viajar, por tempo indeterminado, sem destino marcado. Até hoje, na realidade, todas as minhas viagens não passaram de turismo.

Eram cinco da manhã, levantei-me, sem ter pregado olho. Precisava de repensar a minha vida. Talvez voltando a Guadalupe encontrasse a chave das respostas que procurava.

Desembarquei e senti novamente aquele cheiro, aquele vozear, como se o tempo não passasse ali. Fiquei hospedada no mesmo hotel da última vez, aqui também nada mudara. Recostei-me na cama, peguei no jornal e foi, então, que li a notícia.


Ana Faia, Joana Maria, Hugo Baptista, Soraia Gonçalves

21/02/11

Leituras na Barraca

Uma proposta para um fim de tarde bem passado...

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As grandes histórias

"(...) o segredo das Grandes Histórias é elas não terem segredo nenhum. As Grandes Histórias são aquelas que já ouvimos e queremos voltar a ouvir. Aquelas onde podemos entrar e morar confortavelmente. Que não nos enganam com calafrios e finais acrobáticos. Que não nos surpreendem com o imprevisto. Que são tão familiares como a casa onde moramos. Ou o cheiro da pele de um amante. Sabemos como acabam, porém ouvimo-las como se não soubéssemos. Tal como, embora sabendo que um dia havemos de morrer, vivemos como se não o soubéssemos. Nas Grandes Histórias sabemos quem vive, quem morre, quem encontra o amor e quem não encontra. E, contudo, queremos saber de novo."

in O Deus das Pequenas Coisas, Arundhati Roy

31223

17/02/11

Calendário 2011

Fevereiro
9
Apresentação e análise do programa

11
Exercício de escrita — apresentação individual em forma de poema (acróstico com nome próprio)

Proposta de avaliação

Reflexões sobre incipit Teresa Veiga proposto para iniciar conto colectivo

16
Proposta de avaliação reformulada

A textualidade

Entrega texto de auto-apresentação como escritor

18
Análise dos elos coesivos de um poema de Luísa Freire

Exercícios de língua

Como planear um conto

23
As personagens. Narradores de primeira pessoa
Moacyr Scilar, “Zap” e Jacinto Lucas Pires, “Sombra e Luz”

Análise do conto colectivo (aula)

25
Moacyr Scliar, “Zap” e Jacinto Lucas Pires, “Sombra e Luz”


Março
2
Condensação espaço e tempo
Ondjaki, “Duas luas cheias e a morte”

4
Ondjaki, “Duas luas cheias e a morte”

Análise do conto colectivo (aula)
11
Modelos do conto tradicional (oralidade)
Mia Couto, “A Praça dos Deuses”

16
Intertextualidade (reescrita)
Hélia Correia, “Fascinação”

18
Análise do conto colectivo (aula)

Entrega da 1ª versão do conto individual

23
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

25
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

30
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

Análise do conto colectivo (blogue)


Abril
1
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

6
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

8
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

Análise do conto colectivo (blogue)

13
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

15
Leitura e comentário de 1 página do conto individual

Entrega da 2ª versão do conto individual


Maio
4
Margarida Vale de Gato

Análise do conto colectivo (blogue)

6
Leitura em voz alta de poema à escolha


11
Leitura em voz alta de poema à escolha

13
Leitura em voz alta de poema à escolha

18
Revisão e conclusão do conto colectivo (aula)

20
Hélia Correia (?)

25
x

27
Jogos de Escrita

Entrega do portfolio


Teste: 1 Junho, 12h-14h (mais 30 m)

Avaliação

5% Presenças
15% Participação na aula
10 % Blogue
30% Teste
40% Portfolio


Participação
Além de os exercícios escritos (de carácter criativo ou formal) a realizar na sala de aula e em casa, será elaborado um conto colectivo, no qual todos os alunos deverão participar, integrando um grupo por si determinado. Para mais, será feita uma leitura em voz alta de um poema previamente escolhido por cada aluno. Os alunos irão ainda ler em voz alta uma página do seu conto, na sala de aula, para recolherem os comentários e sugestões dos colegas.


Blogue
Os alunos deverão realizar pelos menos quatro comentários fundamentados aos textos postados pelos colegas. Pelo menos três destes comentários deverão ser sobre versões do conto individual, outro poderá versar sobre o conto colectivo.


Teste
O teste será presencial, com duas horas (acrescidas de 30 minutos de tolerância) e de consulta (apenas de material escrito ou impresso). Constará de análise e produção de texto.


Portfolio
O portfolio, para ser entregue na última aula, deverá conter todos os elementos a seguir enumerados.
1. Três textos escritos ao longo do semestre na aula ou em casa (escolhidos pelo aluno)
2. Os quatro comentários feitos no blogue, acompanhados pelo texto que os originou
3. Um conto (3/5 páginas a Times New Roman, 12, espaço duplo)
3.1. Plano
3.1.1. Resumo do enredo
3.1.2. Descrição do contexto espácio-temporal
3.1.3. Retrato das personagens
3.2. Dois rascunhos (previamente entregues à professora em datas a combinar)
3.3. Versão final

Como colocar um POST

1. Aceder ao site do blogger (www.blogger.com). Colocar o nome de utilizador e a password nos campos respectivos (dados contidos no programa da disciplina).
(Nota para quem tem a sua própria conta Google: não é possível aceder ao blogue com outra conta que não a especificamente criada para a disciplina, pelo que terá que fazer logout da sua conta, para depois poder entrar nesta.)

2. Carregar em "Nova Mensagem".

3. Escrever o post.

4. "Publicar Mensagem".

16/02/11

Conto Colectivo-Parte I

Caros colegas, pedimos desculpa por só conseguirmos abrir um post hoje, mas tínhamos os dados errados e não conseguíamos entrar no blog.
Aqui vai a primeira página do nosso conto colectivo. Esperemos que gostem.


Nunca mais me irei esquecer daquela tarde em Guadalupe. Se fechar os olhos com força quase que consigo cheirar o odor adocicado da feira, ouvir o ruído das vozes de feirantes e turistas e sentir o calor do sol na pele. Se fechar os olhos com força quase consigo cheirá-lo, ouvi-lo e senti-lo como se ele estivesse ao meu lado. Miguel era tudo o que eu sempre desejara e bastante mais. Nos meus vinte anos nunca conhecera um homem como ele: belo, exótico e misterioso. Acima de tudo misterioso. Recordo-me nitidamente do seu rosto, de todos os seus traços faciais. Um traço de preocupação rompia constantemente a sua testa, mantendo sempre o sobrolho franzido como se o mundo contra ele conspirasse. Amá-lo era como saltar de um trapézio sem rede. Nos seus olhos negros eu via encerrados todos os enigmas do universo e na sua boca um segredo mortal. Mais tarde descobriria o quanto isso era verdade.

Agora que penso nisso, não compreendo como não me tinha apercebido da estranheza daquele homem. Ou talvez tivesse e simplesmente não queria saber. Dizem que o maior cego é aquele que não quer ver e, naquela altura, eu era a maior cega que caminhava em Guadalupe. Tudo o que Miguel me dissesse para fazer, eu fá-lo-ia sem hesitar. Com o primo António nunca fora assim. Nem naqueles anos seguintes ao nosso casamento nem em nenhum momento da nossa vida. O meu marido sempre fora um homem de bem, dedicado aos negócios, aos amigos e ao mundo. Ainda assim, a sua dedicação não chegava à minha pessoa. Todavia, era um homem estável; e que mulher não quereria um homem estável?

O primo António rodeava-se de todos os livros de economia, mantendo-se sempre em constante aprendizagem, escrevinhando, sempre que estava em casa, no que gostava de chamar “o seu livro de contas”. Miguel também escrevia quase constantemente, apesar de fazer questão para que eu nunca o incomodasse enquanto o fazia. É o único ponto comum que consigo encontrar entre os dois homens que me preencheram a vida. Nunca entendi a qual dos dois se destinava as palavras da bruxa.

Fábio Cruz

Pedro Candeias

Susana Correia

12/02/11

Sugestão

Deixo abaixo, dois sites que recomendo aos amantes da escrita;
no primeiro poder-se-á recolher conhecimentos acerca de cursos
específicos de variados tipos de escrita e também variados tipos
de workshops, e o segundo é um blog mensal de escrita colectiva.

1. http://escreverescrever.com

2. fabricadeletrasepalavras.blogspot.com

Até mais ver,
Aluno 40834

10/02/11

Mail Professora

Deixo mail para onde deverão enviar os vossos trabalhos, rascunhos, sugestões, dúvidas...
ecriativa.flul@gmail.com

09/02/11

Uma sugestão

Boa noite professora e colegas!

No decorrer da aula de hoje lembrei-me de um site muito interessante para os amantes da leitura/para os que gostam moderadamente de livros/para os meros simpatizantes...
O site chama-se "aNobii" e permite, basicamente, criar uma espécie de estante virtual, onde colocamos os livros que já lemos, os que estamos a ler, os que tencionamos ler. Ainda podemos classificar os livros com estrelas, de acordo com a nossa opinião, deixar um comentário acerca do livro, navegar pelas estantes dos amigos, participar em fóruns literários...
Parece-vos bem? Fica a sugestão! Consultem www.anobii.com

Uma boa noite a todos,
até sexta,
Joana Maria

08/02/11

Conto colectivo

Uma das propostas que vos faço é escrevermos um conto colectivo, que começará por ser planeado em conjunto e depois redigido sequencialmente por cada um dos alunos, sendo periodicamente sujeito a uma revisão na sala de aula.

Sugiro como linhas de saída, marcando já a brancura da página, o seguinte excerto do início de um conto de Teresa Veiga.

"A verdade é que eu estive sempre convencida de que o meu casamento com o primo António não ia durar muito tempo, mas também não podia imaginar que as coisas se passassem como aconteceu. A razão por que mesmo assim me deixei embarcar neste projecto claramente insensato tem a ver com a predição desabusada de uma cigana que um dia, na feira de Guadalupe, leu na minha mão que havia de viver sozinha até aos oitenta anos, depois de ter rejeitado um homem que me havia de fazer muito feliz. Nunca acreditei em bruxos e videntes mas verifico amiúde que acertam em cheio, pelo que convém desmascará-los quanto mais cedo melhor."

06/02/11

Programa de Escrita Criativa 2011

Conteúdos Programáticos

1. Definições de Escrita Criativa
1.1. Objectivos e público
1.2. Estímulos criativos vários
1.3. Exercícios de desbloqueio

2. Revisão de conceitos básicos ligados à composição textual
2.1. A oração
2.2. A frase
2.3. O parágrafo
2.4. O texto

3. Os processos de leitura e escrita
3.1. O gosto pela palavra
3.2. Ler melhor para saber escrever

4. Escrever
4.1. Narrativa pessoal
4.2. Poesia
4.3. Ficção
4.4. Drama

5. Técnicas para avaliar e melhorar texto
5.1.Distanciamento
5.2. Disciplina
5.3. Disponibilidade
5.4. Discussão

6. Estratégias para publicação
6.1. Blogs e sites
6.2. Revistas
6.3. Livro

Objectivos da Unidade Curricular

Reflectir sobre o conceito e as técnicas de escrita criativa.

Rever competências básicas ligadas à composição textual.

Elaborar e reescrever diversos tipos de texto.

Aperfeiçoar as competências de leitura, a partir da análise de modelos textuais vários.

Desenvolver a imaginação e o sentido de auto-crítica.

Criar uma comunidade de leitura e (re)escrita num blog associado à cadeira.

Considerar estratégias de publicação.

Bibliografia Seleccionada

Carmelo, Luís. Manual de Escrita Criativa (2 vol.). Lisboa: Europa-América, 2005.

Cunha, Celso e Luís F. Lindley Cintra. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa, 1991.

Earnshaw, Steven. Ed. The Handbook of Creative Writing. Edimburgo: Edinburgh UP, 2007.

La Tourette, Alain et alli Ed. The Writer’s Workbook. Londres: Arnold, 2004.

Mancelos, João. Introdução à Escrita Criativa. Lisboa: Colibri, 2010.

Morley, David. The Cambridge Introduction to Creative Writing. Cambridge: Cambridge UP, 2007.

Prose, Francine. Ler como um Escritor: Um Guia para Quem Gosta de Livros e para Aqueles que Desejam Escrevê-los. Cruz Quebrada: Casa das Letras, 2007.

V.V. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa (2 vol.). Lisboa: Verbo, 2000.

_______. Dicionário de Sinónimos. Porto: Porto Editora, 1995.